Paolo Moretti
Ele me humilhou.
Elías Navarro me colocou sentado feito um cão velho, me jogou uma maleta como se eu fosse um lixo ambulante e disse, com aquele sorriso miserável no rosto, que ela era dele agora.
Ele nem levantou da p***a da cadeira.
E mesmo assim, me fez sair da casa dele como um derrotado.
Mas eu não sou derrotado.
Eu sou Paolo Moretti.
E se esse maldito acha que vai rir de mim e continuar respirando, ele acabou de cavar a própria sepultura.
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Voltei pra Roma fervendo de ódio. Nem esperei a porta do helicóptero abrir direito, já mandei mensagem para meu homem de confiança:
— Reúna os que ainda têm coragem de matar.
Quarenta minutos depois, estávamos na sala subterrânea do cassino. Dez homens à minha frente. Armados, atentos, mas com o tipo de olhar que denuncia dúvida. Alguns nunca cruzaram a fronteira. Outros sabiam bem quem era Navarro.
E todos sabiam que o mexicano podia estar na cadeira de rodas, mas nunca foi sinônimo de fraqueza.
— Ele está vulnerável — comecei, andando em frente à fileira deles. — Sentado. Trancado numa fortaleza onde se sente invencível. Mas até reis caem dormindo. E nós vamos fazer isso do jeito certo.
Fiz sinal para que Marco abrisse o tablet e mostrasse a planta baixa da propriedade.
— Consegui com um arquiteto corrupto. Foi ele que fez uma reforma lá uns anos atrás. Esses corredores, essas janelas… tudo aqui é real. E, mais importante: essas câmeras têm pontos cegos.
Um dos homens levantou a mão.
— Paolo… com todo respeito… estamos falando de Navarro. Mesmo sem andar, dizem que ele é pior que os outros. E agora que está com a menina... vai estar ainda mais paranóico.
— Ele não é imortal — retruquei seco. — Ele é homem. E homens morrem.
— E a garota? — perguntou outro. — Se ele está obcecado por ela… pode ter trancado ela num cofre, Paolo.
— É por isso que a prioridade é clara: Navarro morre. Ela sai inteira. Sem machucados. Nem um arranhão.
— E se ela resistir?
— Ela não vai resistir.
Fui até o carrinho de armas encostado na parede e puxei uma Glock.
— Elías está obcecado, não cego. Ele vai usar a garota como isca. Ele sabe que a guerra já começou. Mas não espera que eu vá agir primeiro. Ele acha que Dante vai liderar o ataque.
Sorrio.
— Mas Dante está esperando. E eu... eu vou agir agora.
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À meia-noite, já tínhamos três SUVs blindadas preparadas.
O plano era simples:
Invasão por trás da propriedade, pelo vinhedo que faz divisa com uma estrada abandonada. Silenciosa. Corte de energia nos pontos externos. Acesso pelas janelas do corredor leste. Neutralização dos guardas periféricos e avanço direto ao quarto principal, onde Elías costuma ficar no fim da noite.
A garota?
Ela estaria em um dos andares superiores. Teríamos um segundo grupo cuidando disso.
— E se os empregados forem armados? — perguntou alguém.
— Então matamos.
Simples.
Ninguém parecia totalmente convencido, mas isso não era problema meu. Medo ou não, estavam sendo pagos. E bem pagos. E se quisessem continuar respirando… iam seguir a p***a do plano.
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Às três da madrugada, partimos.
O comboio avançava pela escuridão com os faróis apagados.
Meu coração batia como nunca. Não era medo.
Era pressa. Raiva. Sede de vingança.
A p***a daquele aleijado vai aprender que não se rouba de mim.
Que não se afronta Paolo Moretti.
Que não se tira de mim o que me pertence.
Aurora era meu bilhete de volta para o favor de Dante.
Era a chave para minha sobrevivência.
E Elías Navarro está em cima dela como um cachorro de rua defendendo um osso.
Mas eu vou arrancar ele da cadeira, meter uma bala entre os olhos e cuspir no chão do quarto dele antes de sair.
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— Dez minutos para a entrada — sussurrou Marco no rádio.
Respirei fundo e murmurei comigo mesmo:
— Agora, Navarro... você vai morrer. E ela vai voltar pra onde deveria ter ficado desde o começo.
Comigo.
Ou com Dante.
Mas nunca com você.
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