Dante Vitale
— Repete.
Minha voz não passou de um sussurro.
Paolo estava do outro lado da linha. Tremendo, gaguejando. A tela do celular refletia apenas metade do seu rosto, suado, pálido, apavorado.
— Eles... eles fizeram o pacto, Dante. O casamento aconteceu ontem à noite. Eu recebi as imagens agora há pouco. Foi tudo nos moldes antigos. O sangue... o livro...
Eu fechei os olhos por um instante.
E o mundo inteiro pareceu congelar.
Aurora.
Minha Aurora.
Minha maldita Aurora.
Agora… de Navarro.
Pelo pacto de sangue.
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O barulho foi ensurdecedor.
Joguei a taça de vinho contra a parede. O líquido escorreu pelos ladrilhos como sangue. Peguei a cadeira e a lancei contra a estante. Os livros despencaram. Um abajur caiu. Uma mulher gritou lá fora, mas ninguém ousou entrar.
— FILHA DA p**a! — rugi. — ELE SELA COM SANGUE AQUILO QUE EU COMPREI!
Eu andava em círculos, como um animal ferido. Meus homens me olhavam em silêncio. Ninguém se atrevia a falar. Até mesmo Paolo desapareceu da chamada.
— Ele a obrigou — murmurei, me convencendo. — Ele pressionou. Fez joguinho psicológico. Fez ela acreditar que era a única forma. É isso. Só pode ser isso.
Mas outra voz dentro de mim sussurrava algo mais sombrio.
E se ela aceitou?
E se ela não resistiu?
E se ela se sentiu… segura nos braços do aleijado?
— NÃO! — bati com os punhos na mesa. — ELA É MINHA!
Fui até a parede. Arranquei o quadro antigo do meu pai. Atrás dele, o cofre. Digitei a senha com dedos trêmulos.
Dentro: a caixa preta.
O símbolo da minha família gravado no metal.
Abri. Peguei a pistola dourada. A única que carrego pessoalmente em execuções de traição.
— Preparem o avião. Agora.
— Dante... — murmurou Lorenzo. — Elías tem armamento pesado. É uma fortaleza.
— Eu vou transformar a p***a da fortaleza dele em pó.
— Mas e o pacto?
— O pacto protege ela. Não ele.
Todos ficaram em silêncio.
— Eu vou arrancar aquela cadeira debaixo do Navarro. E quando ele estiver no chão, cuspindo sangue, vou fazer Aurora assistir enquanto ele implora pra morrer. Depois… eu decido se ela merece viver.
— Você vai mesmo matar ela?
— Não. — sorri com fúria. — Eu vou fazer ela querer morrer.
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No fundo, eu sabia que não era só ódio.
Era orgulho ferido.
Era obsessão descontrolada.
Era o fato de ela ter fugido de mim…
E agora estar casada com outro homem.
Ela devia ser minha esposa.
Devia carregar meu nome.
Devia se ajoelhar pra mim.
Mas escolheu ser prisioneira do meu inimigo.
Elías acha que venceu.
Mas ele só assinou a própria sentença.
Com sangue.
E agora…
eu vou usar o meu.
Pra apagar o nome dele do mapa.
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