Dante
— Como é que é? — minha voz saiu seca, cortante.
— Elías Navarro voltou a andar. — A voz de Paolo do outro lado da linha não era mais que um sussurro. Tensa. Assustada.
Meu olhar se fixou na taça de vinho sobre a mesa.
Soltei o copo. Deixei cair.
Ele se espatifou no chão, tingindo o mármore branco com sangue de uva e ódio.
— Desde quando? — perguntei.
— Começou discretamente. Primeiro com muletas. Mas hoje... hoje ele entrou andando sozinho na reunião do Conselho. Sem apoio.
Engoli o gosto amargo da frustração.
— E você está me dizendo isso só agora?
— Precisei confirmar, senhor. A informação chegou por meio de um dos funcionários do setor médico. Só consegui acesso ao laudo hoje de madrugada.
Me aproximei da lareira. O calor não me acalmava.
Nada acalmava a merda que se formava dentro de……
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