CAPÍTULO 01 | RUBY HARTLEY
Quando ainda muito pequena, a mãe de Ruby enfrentava graves problemas mentais que a levaram a tirar sua própria vida, com um tiro na frente da pequena Ruby, que assistiu à cena sem compreender completamente o que estava acontecendo. Nesse momento de desespero, o pai de Ruby apareceu e a retirou do cômodo da sala, levando-a para um local seguro, tentando protegê-la do trauma daquela experiência.
Com a morte de sua mãe, ela se viu apenas com a presença do pai em sua vida. No entanto, à medida que o tempo passava, o pai de Ruby começou a afundar-se no alcoolismo, negligenciando suas responsabilidades e deixando de comparecer ao trabalho. A situação tornou-se ainda mais desesperadora quando, aos 12 anos de idade, a menina foi vendida por seu próprio pai para um completo estranho, em troca de dinheiro para sustentar seu vício em bebida. Este evento trágico marcou o início de uma jornada difícil e dolorosa para Ruby.
Chegando em seu destino, Ruby percebeu que não seria a única criança a viver com o completo estranho em um lugar miserável. Ao olhar ao redor, viu outras crianças em situações semelhantes à sua, compartilhando o mesmo olhar de desamparo e tristeza.
Aos 18 anos de idade, após anos de sofrimento e adversidade, Ruby encontrou a coragem e determinação necessárias para escapar das garras do homem estranho que a havia feito sofrer por tanto tempo. Com uma resiliência impressionante, ela traçou um plano meticuloso e encontrou uma oportunidade para fugir, finalmente alcançando a liberdade que tanto almejava. Apesar das cicatrizes emocionais que carregava, ela abraçou a chance de recomeçar e construir uma nova vida longe da opressão e do abuso que havia enfrentado.
Quatro anos se passaram desde que Ruby finalmente conseguiu escapar do seu sofrimento. Durante esse tempo, ela percorreu um longo caminho em busca de paz e cura. Foi então que, após dias de exaustão e desespero, Ruby foi encontrada debaixo de uma árvore por uma gentil senhora idosa. Com compaixão e amor incondicional, a senhora acolheu Ruby em sua pequena casa, cuidando dela com carinho e atenção enquanto ela se recuperava dos traumas físicos e emocionais que havia enfrentado. A presença da senhora trouxe à Ruby um raio de esperança e a promessa de um recomeço acolhedor e seguro.
Ruby encontrou felicidade e paz na pequena casinha de madeira da senhora Jones. Apesar dos traumas que carregava desde a infância até a adolescência, Ruby encontrou um refúgio seguro e reconfortante ao lado da gentil senhora. Com o passar do tempo, ela passou a ajudar a senhora Jones com as cartas que recebia, criando laços de amizade e cumplicidade. A rotina tranquila e acolhedora da casinha de madeira trouxe a Ruby um senso de pertencimento e amor, e ela passou a considerar a senhora Jones como uma verdadeira mãe, encontrando nela o afeto e apoio que tanto precisava.
Senhora Jones vivia sozinha em uma casa simples de madeira, distante da grande cidade onde quase todos a conhecia. Sem marido ou filhos, ela levava uma vida tranquila e reservada, até a chegada de Ruby, que trouxe luz e alegria para sua rotina solitária. A chegada de Ruby transformou a pequena casinha em um lar cheio de amor e companheirismo. Apesar da tranquilidade do local, Ruby apreciava o silêncio que permitia ler um bom livro a qualquer momento, encontrando refúgio e conforto nas páginas de suas histórias favoritas.
Já era tarde da noite e Ruby ainda não tinha ido dormir. Ela permaneceu na sala, imersa em seu livro, absorvida pela narrativa cativante que a transportava para outros mundos. Enquanto mergulhava nas páginas, ouviu passos suaves se aproximando e virou a cabeça na direção da senhora Jones.
- Ainda acordada, Ruby? — a voz suave da senhora Jones quebrou o silêncio da noite. Era uma rotina para ela acordar no meio da noite para tomar um copo de água.
- Estou sem sono. Quer que eu vá pegar um copo de água para você? — Ruby ofereceu gentilmente, sabendo que a senhora Jones valorizava sua independência e relutava em aceitar ajuda.
- Não precisa. Pode continuar a ler o seu livro. — Respondeu a senhora Jones com um sorriso suave, apreciando a consideração de Ruby. Enquanto ela se afastava em direção à cozinha, com um suspiro tranquilo, Ruby voltou sua atenção para as páginas do livro, mergulhando novamente na narrativa que a transportava para mundos imaginários.
Alguns minutos depois, a senhora Jones retorna da cozinha, movendo-se com cuidado devido à fragilidade de sua saúde. Ela para no meio da sala, perdida em pensamentos, enquanto Ruby observa com preocupação.
- Ah, lembrei! Amanhã vou precisar de sua ajuda bem cedo. — Disse a senhora Jones, interrompendo seus pensamentos. Ruby percebeu a incomum solicitação, pois a velha não costumava fazer muitos pedidos à menina. Intrigada, ela olhou para a senhora Jones, querendo entender a razão por trás daquela necessidade repentina.
- Por quê? É algo importante? — Ruby perguntou, começando a ficar um pouco ansiosa e tensa com a incomum solicitação da senhora Jones. O olhar preocupado da jovem encontrou o olhar sereno da velha, que sorriu suavemente antes de responder. A senhora Jones colocou a mão gentilmente sobre a de Ruby, transmitindo conforto e tranquilidade.
- É só para você entregar uma carta na mão de uma certa pessoa. — Respondeu a senhora Jones, revelando poucos detalhes sobre a tarefa. Sendo uma pessoa reservada que não gostava muito de falar sobre si, ela não fez questão de fazer muitas perguntas.
- Está bem, senhora Jones! Amanhã estarei de pé bem cedinho. Tenha uma boa noite! — Disse Ruby, transmitindo um sorriso gentil à mulher. A senhora Jones retribuiu o gesto com um olhar afetuoso, expressando silenciosamente a gratidão por ter a jovem ao seu lado.
Senhora Jones subiu as escadas, desaparecendo atrás da porta com um aceno suave para Ruby. A jovem permaneceu por um momento na sala, absorvendo a tranquilidade que pairava no ar.
Com isso, ela fechou seu livro e o colocou em cima da mesinha de centro que ficava no meio da sala. Ruby suspirou, sentindo o peso do dia se dissipar lentamente. Ela ansiava por uma noite tranquila, sem os tormentos dos pesadelos recorrentes que a assombravam. Ao observar a senhora Jones, que já havia se entregado a um sono profundo, Ruby desejou encontrar a mesma paz e descanso. Ela ansiava por uma noite sem a agonia dos pesadelos que a assaltavam regularmente.
Enquanto se aconchegava sob as cobertas, Ruby acalentou a esperança de uma noite tranquila, longe das sombras que assombravam seus sonhos. Ela sabia que, embora a senhora Jones não estivesse consciente disso, sua presença era um conforto constante em meio aos terrores noturnos. Com um suspiro resignado, Ruby fechou os olhos, esperando que a serenidade finalmente a envolvesse, afastando os pesadelos e trazendo-lhe um merecido descanso.
- Você vai se trancar de novo aí dentro do banheiro, Ruby? Seu trabalho é para satisfazer os meus clientes, sua vagabunda.
Ela não aguentava mais aquele inferno que vivia.
– Quando você sair desse banheiro, eu vou queimar seu braço, sua v***a.
Ruby colocou as mãos entre os ouvidos para impedir de ouvir as atrocidades que saía da boca daquele velho rabugento.
Ruby não suportava mais. Se perguntava todos os dias o que fez de r**m para merecer tudo aquilo, mas não tinha respostas.
Quando não ouvia mais nenhum barulho no lado de fora depois de ficar horas e horas trancada no banheiro, sabia que todos que estavam ali tinham ido embora e os que moravam na casa estariam adormecidos. Exceto ele.
A garotinha todas as noites tentava fugir do inferno que vivia, mas sempre falhava.
- Onde pensa que vai tão apressada?
Sabia muito bem o que iria acontecer com ela toda as vezes que tentava fugir.
- Agora seja uma boa garota e venha até aqui.
A menina não queria de jeito nenhum se aproximar da pessoa que a faz tão m*l. Ruby estava tremendo dos pés a cabeça. Sem saber o que o desconhecido mascarado iria fazer com ela.
- Você vai vir por bem ou por m*l?
A pequena com lágrimas de sangue em seus olhos acabou se aproximando. Com o completo estanho agarrando o seu pequeno e frágil braço, tirou o cigarro da boca e começou a queimar aos poucos o seu braço direito com a bituca do cigarro. Gritava e chorava de tanta dor que sentia. Enquanto o velhote se divertia com o que via.
- Isso é para você aprender, sua bruxa miserável.
E cada vez mais ele queima o braço dela e enquanto ela pedia socorro sem ter alguém para ajudá-la aquele momento.
No sofá, se debatia com todas as suas forças pedindo para que o homem parasse de machucá-la. A velha veio correndo da cozinha para acordar a pobre Ruby de seu pesadelo.
- Acorde! Acorde, Ruby! — A mulher deu um leve tapa e várias sacudidas em seu corpo para tentar acordá-la. Finalmente aos poucos, Ruby abriu os olhos ofegante e estava toda suada
- De novo eu tive o pesadelo, senhora Jones. — Ruby começou a chorar nos braços da pobre velhinha. Manchando sua roupa branca com suas lágrimas vermelhas.