Introdução: Vante
A Máfia é uma estrutura criminosa administrada por um grupo anônimo, inserida de forma oculta em todos os setores da sociedade e das esferas institucionais. Ela estende seus tentáculos por todos os círculos estatais, pelo universo capitalista, penetrando nos meandros financeiros e políticos.
A máfia italiana é o crime organizado de alto nível. É onde se movimenta milhões e normalmente fica tudo em família.
Apesar de haver muitos clãs mafiosos na Itália e cada um seguir suas próprias regras, eles tinham os mesmos princípios afinal:
As mesmas regras sobre lealdade, sobre fidelidade, contra a homossexualidade, e a mesma regra de nunca deixar o clã. O único jeito de deixar a máfia, é morrendo.
A maior e mais poderosa família da máfia era a única cuja existência ainda não fora descoberta e operava em sigilo absoluto. Isso porque o poder central dela pertencia a uma única família. Os Trovato.
O líder atual, Capo ou Don, era Antônio Trovato Orsini, meu pai. Abaixo dele na hierarquia, estava o Sottocapo, Jen Trovato Orsini, meu irmão mais velho. O Camporégime era o terceiro no nível hierárquico, e esse era meu segundo irmão mais velho, Reymon Trovato Orsini.
O Consiglieri era o conselheiro do Don e único com direito de questionar as opiniões do líder. Esse era Vante Trovato Orsini, eu.
O quarto e último filho cuidava de pequenos detalhes administrativos, Torin Trovato Orsini, o caçula e o meu irmão gêmeo.
Antônio Trovato havia se apaixonado por uma coreana durante um trabalho na Coreia do Sul, a deslumbrante Kim Hana, minha mãe.
Ela aceitou mudar tudo e se mudar pra Itália, Sicília, mais não abriu mão de dar um nome coreano aos quatro filhos homens que teve com meu pai. Ao mesmo tempo, um nome italiano era obrigatório na mafia, portanto cada um de nós tinha dois nomes legítimos, um de cada país.
Vante Trovato Orsini na Itália, Kim Vante-Yang na Coreia.
Torin Trovato Orsini na Itália, Kim Tae-Yang na Coreia.
Jen Trovato Orsini na Itália, Kim Seong-jin, na Coreia.
Reymon Trovato Orsini na Itália, Kim Nam-joo na Coreia.
Sempre usamos os nomes dados por nossa mãe quando estamos entre nós e sempre tivemos preferência pela Coreia. Éramos os irmãos Trovato na Itália e esse nome impunha medo. Éramos os Kim na Coreia e tudo que sentiam ao ouvir sobre nós, era admiração.
Não era apenas o nome que mudava em diferentes países, a personalidade também precisava mudar.
Na Coreia eu era apenas V, dono de um bar com nome de planeta e sorriso fácil. Na Itália eu era o filho do Don da máfia, seu conselheiro e alguém que ele usava quando precisava de um trabalho limpo e bem feito. Um carrasco.
Eu era do tipo que começava incêndios e os deixava queimar.