Destino Trocado

I Já teve um dia confuso no qual não sobrasse dúvidas sobre “seria melhor nem ter saído da cama”? Bem, hoje foi um desse dias, onde tudo o que pode parecer errado ou confuso acontece, como se algum Deus estivesse rindo e muito às minhas custas. Acordei atrasada devido a falta noturna de energia, o meu celular morreu e eu precisava de alguma bateria para que ele me acordasse. Saí correndo da cama quando escutei a senhora Janice gritando com seu filho, afinal ele nunca acorda antes das dez, e ela estava gritando para ele sair de casa pois já eram quase onze. m*l coloquei um jeans e camisa para sair correndo, nem sei se a porta bateu quando eu corri para o ponto de ônibus, afinal, o motivo do meu atraso foi o meu carro pifando no meio da madrugada e me deixando embaixo de chuva, não sei se agradeço por não ter gripado ou se realmente algo mais poderia me ocorrer hoje. Chego elegantemente mega atrasada no emprego e o chefe nem reclama, o que me assusta, até que fecha o horário do dia e ele diz, fechou teu horário, passa no R.H. E foi assim que eu saí do emprego. O emprego que pagava as contas, e ia pagar o conserto do carro. m*l acabo de sair do R.H e me deparo com a top vendedora de arte que sempre tentou pegar a minha vaga toda sorridente mostrando o novo crachá, a alegria de uns que parecem viver da desgraça alheia parece me rasgar de raiva por dentro, mas não vou dar a satisfação para a Charlene, já não basta um ela ser chata e ter uma voz anasalada que poderia ser confundida com um coala macho cortejando a fêmea, boa sorte para ela, afinal o emprego paga m*l, tem horas extras e não paga nada a mais por servitude e organização e perfeição no trabalho. Chegando perto de casa paro na banca de jornais mais para conversar que para levar os classificados, mesmo assim levo o meu, nunca se sabe o que o destino nos reserva. E ao chegar em casa o telefone toca, meu carro está pronto e devo ir na oficina buscar, fico feliz por ter minha recisão estará sendo depositada ainda hoje, amanhã posso ir de carro dar entrada no seguro desemprego, pego a bolsa e levo o jornal enquanto ando até a oficina olá Denis! Grito logo na entrada e escuto a gargalhada alta, Iz, veio correndo e me chamando pelo nome, está doente ou pechinchando um desconto? Denis deveria jogar na loto, ele parece ter um dom para qualquer desgraça que me acerca, já mandaram um meme no zap? Denis assobia e ne fala rindo Iz você só me chama pelo nome quando algo, financeiramente, está fora do eixo, e pela sua cara acertei em cheio! Sim Denis, ou melhor, meu ex-Denis também conhecido por Di me conhece tão bem que pede detalhes sobre a minha demissão, só que isso me rendeu um desconto na mão de obra que vai ajudar nessa semana. Então, partiu, dar e entada no seguro e procurar por vagas pelo caminho e nos classificados. Passei por muitas lojas e bares, porém nesse caos pós pandemia emprego parece um sonho distante, sentei no capô do carro e começo a ler os classificados onde um há um único emprego para uma pessoa formada em história com especialização em latim e grego e pagando muito mais que costumo receber parece bom de mais para ser verdade. Veremos, sorte minha ter um terninho azul cobalto no porta malas mantido embalado com sapatinhos nude só para em caso de uma reunião do meu antigo emprego com o setor de compras e aquisições de artefatos de uma loja especializada em antiguidades, perfeito, aqui vamos nós, rua Felipe Schmidt, em minha frente uma porta de madeira que divide o mundo aqui fora e o meu emprego lá dentro, foca no objetivo Iz, hora do show. Entro como se conhecesse o lugar e pergunto a uma loira de olhos verdes e cabelos longos se há algum horário para agendarmos a entrevista do classificado, e ela arregala os olhos e aperta um botão em sua mesa e diz, segunda porta à direita após o bebedouro, sigo reto para onde ela aponta e após umas cinco portas encontro o bebedouro, entrei na segunda porta a direita e lá dentro há a mais bela coleção de livros expostos em mesas que vidro que eu já vi na vida.