Novo lar
PONTO DE VISTA DE ELENA
Eu entrei no prédio e fui direto para o escritório do Drago. Estou coberta de sangue, cortes e hematomas. Eliminei com sucesso meu alvo, mas não contava que ele tivesse tantas pessoas que ainda lutariam por ele mesmo depois de sua morte. Ainda assim, lutei contra vários homens grandes para tentar sair do lugar onde estava. Eu estava em um quarto sem janelas, era lutar ou morrer, e optei por lutar. Ainda não estou pronta para deixar este mundo. Muitos diriam que nossas vidas estão nas mãos do destino, mas desde os quinze anos eu digo ao destino que se dane. Faço minhas próprias escolhas e isso é definitivo. Sinto olhares sobre mim talvez por causa da minha aparência, mas ignoro. Assim que paro na frente da porta dele, a porta se abre. Maddie olha para mim com os olhos arregalados.
— Jesus, Ele, você está bem? — Maddie, uma das minhas amigas perguntou. Ela geralmente não se preocupa muito, mas pelo olhar em seu rosto, sei que desta vez ela está preocupada.
— Estou bem. Parece pior do que eu me sinto — Eu disse.
Ela acena com a cabeça e me deixa entrar. Drago me olha e vejo seus olhos se arregalarem por um segundo antes de voltarem ao normal. Aposto que estou muito pior do que me sinto.
— Elena, sua última missão está concluída? — Drago pergunta.
Drago é o criador dos Guerreiros de Elite. Ninguém sabe sobre este grupo de Guerreiros de Elite, nem mesmo os Anciãos ou Reis do mundo sobrenatural. O grupo é muito pequeno, mas destemido. Drako, filho de Drago, me encontrou quando eu tinha quinze anos. Eu havia sido abusada mental e sexualmente, espancada, rejeitada e quase morta. Drako cuidou de mim e, quando decidi ficar, ele me ensinou a me tornar uma guerreira e eu me tornei muito boa nisso. Nosso grupo é único. Drago tem alguém que o contata quando querem um trabalho feito.
— Sim, senhor. O alvo foi eliminado e não deixamos rastros — Eu disse.
— Ótimo trabalho, Elena. Pode ir e se limpar — Drago diz orgulhoso.
Eu aceno com a cabeça antes de virar nos calcanhares e sair pela porta. Segui para o meu quarto e coloquei minhas armas perto da porta. Como Maddie e Drago sabem que estou de volta, mandarão alguém para limpar minhas armas. Pego algumas roupas e roupa íntima antes de ir para o banheiro.
Tiro a roupa e entro no banho. Ligo o chuveiro, cerrando os dentes quando a águia fria atinge meu corpo antes de aquecer. Hoje foi minha última missão. Meu avô morreu três meses atrás e me deixou sua empresa. Tenho tentado conciliar a empresa e ser uma guerreira, mas não é fácil porque, às vezes, como Guerreira de Elite, sou convocada do nada para fazer um trabalho e não sabemos quanto tempo vai demorar. Então, falei com Drago, Drako e Maddie, e chegamos à conclusão de que eu deveria cuidar da empresa. Drago conhecia meus avós e meus avós sabiam que eu estava aqui com Drago. Eles não ficaram muito felizes por eu estar treinando para me tornar uma Guerreira de Elite, mas depois de descobrirem o que meu companheiro me fez... decidiram que era melhor, desde que eu continuasse na escola e fosse para a faculdade. Foi exatamente o que fiz.
Deixei de usar meu sobrenome Russi, que pertencia ao meu pai, para o sobrenome dos meus avós... Santos. Concluí o ensino médio online, depois fui para a faculdade online. Eu sabia que, se meu pai estivesse aqui, ele estaria feliz, porque eu sabia que meus avós estavam. Eu também estava orgulhosa de mim mesma, inferno, ainda estou orgulhosa de mim mesma. Não sou mais a mesma menina fraca de quinze anos, só queria que meu lobo parasse de ter tanto medo e se manifestasse.
Suspirei, desligando o chuveiro. Peguei a toalha e me sequei. Me vesti e terminei de secar o cabelo com a toalha e, assim que saí do banheiro, vi Maddie.
— Você está pronta? Acho que você não quer aparecer na sua empresa toda machucada — Ela diz, fazendo gestos para mim.
Olho para mim mesma no espelho ao lado e tenho o lábio cortado, o osso da bochecha quebrado, cortes e alguns hematomas começando a aparecer.
— Você deveria ver os outros caras — Eu disse, fazendo-a rir.
Voltamos para o meu quarto e, uma vez lá dentro, ela coloca a mão na minha e seus olhos ficam brancos. Já mencionei que Maddie é uma bruxa? Sim, ela é uma bruxa e é a companheira de Drako. Ela era perseguida porque seu clã é de bruxas negras e Maddie tinha a capacidade de curar. Quando Maddie se recusou a usar seus poderes para o m*l, tentaram matá-la, mas ela fugiu e Drako a encontrou e a trouxe até aqui, onde ela aprendeu como o resto de nós e seus poderes cresceram. Ela não queria ir para a batalha, mas queria ajudar quando voltássemos feridos.
— Prontinho. Tudo feito — Ela sorri para mim. Não preciso me olhar no espelho porque me sinto nova.
— Obrigada, Maddie — Sorri e a abracei.
— Vou sentir saudades de você, Ele — Maddie sussurra enquanto me puxa para um abraço.
— Você sabe onde e como me encontrar se precisar de alguma coisa — Eu disse a ela e ela assentiu.
— Se cuide por lá — Ela disse.
— Farei o meu melhor — Eu disse a ela.
— É tudo o que peço. Agora vamos, Drago quer te ver — Diz Maddie.
Eu a segui para fora da porta e de volta ao escritório de Drago. Assim que entramos, Drago e seu filho Drako me olham. Maddie vai até Drako e ele a puxa para um beijo.
— Tenho um carro pronto para te levar à casa dos seus avós — Diz Drago, mas não olha para mim. Ele não gosta de despedidas.
— Isso não é uma despedida, senhor. Você sabe onde me encontrar e como entrar em contato comigo se precisar de mim — Eu lhe disse e, desta vez, ele olhou para mim.
— Eu sei, Elena, mas eu passei a amá-la como uma filha. O que você passou... ninguém deveria ter passado por isso. Apenas lembre-se de que eles ainda estão lá fora e que você não é mais aquela criança pequena que era antes. Sinto muito que não pudemos ajudar seu lobo a se revelar — Drago diz, lágrimas brilhando em seus olhos.
— Tudo acontece por uma razão, senhor. O que passamos foi demais para os dois. Talvez um dia ela saiba que eu a protegerei e ela se revele, mas por agora, estou orgulhosa da mulher que me tornei — Eu disse, fazendo Drago sorrir.
— Fico feliz em ouvir isso. Se precisar de algo, não hesite em ligar — Diz Drago, caminhando em minha direção e me abraçando. Ouço um gemido em minha cabeça e sei que é meu lobo. Consigo senti-la, e às vezes consigo ouvi-la gemer aqui e ali, mas ela está com medo de se mostrar.
— Digo o mesmo. Se você ou alguém precisar de algo, não hesite em me ligar — Disse depois de nos soltarmos do abraço. Dou um abraço em Maddie.
— Lembre-se sempre de que você é mais poderosa do que eles — Sussurrei no ouvido de Maddie. Ela aperta seu abraço antes de me soltar, então eu abraço Drako.
— Obrigada por salvar minha vida, Drako. Você é como um irmão que nunca tive. Não, você é meu irmão mais velho — Disse em seu ouvido.
— E você é minha irmã mais nova — Sussurra Drako de volta antes de se afastar e beijar o topo da minha cabeça.
Sorri para eles antes de voltar para o meu quarto e pegar minha bolsa de viagem e mala. Vou para o elevador e vejo todos em uma fila dos dois lados da parede e, no final, está Drago. Eu paro e olho para todos enquanto eles se viram para mim. Abraço e me despeço de todos. O trabalho que fazemos aqui é muito perigoso e às vezes não voltamos vivos. À medida que me aproximo de Drago, as lembranças de mim vindo aqui pela primeira vez me atingem, seguidas pelo meu treinamento e minha primeira missão. Mas, a parte mais importante, de todos os sorrisos e risadas que tive aqui me atingem com mais força. Este lugar não apenas salvou minha vida e me ensinou a ser quem sou hoje, este lugar é minha casa e as pessoas aqui são minha família. Quando chego perto de Drago, as lágrimas não conseguem parar de cair.
— Obrigada por me tornar a mulher que sou hoje. Obrigada por me dar uma casa e uma família, papai — Eu disse antes de abraçá-lo e ele me abraça apertado.
— Se cuide, Elena. Eu te amo, minha filha — Drago sussurra em meu ouvido antes de me deixar ir.
Respiro fundo antes de me afastar. Drako se aproxima, pega minha bolsa de viagem e entra no elevador comigo. Aceno para todos enquanto Drako digita o código seguido pelo botão para subir.
— Quem vai dirigir? — Perguntei a Drako.
— Sabemos que você não quer que ninguém saiba ainda que é a nova proprietária e CEO da empresa, então, serei eu quem irá dirigir para você — Drako diz.
Não consigo deixar de sorrir com isso. Assim que saímos do elevador, sigo Drako até seu jipe, ele coloca minha bagagem no porta-malas e eu entro. A viagem para a casa dos meus avós, quer dizer, minha casa, é silenciosa.
Pensei em vender a casa, mas não consegui. Meu bisavô construiu esta casa para ele e para sua companheira; passou para o meu avô e, depois que ele conheceu sua companheira, eles viveram aqui juntos. Depois que eles se foram, descobri que eles tinham passado a casa para mim.
PONTO DE VISTA DE ELENA
Paramos no portão e Drako digita o código. Sim, ele tem o código, mas eu irei mudá-lo esta noite. Não é que eu não confie nele, porque confio, mas muitas pessoas conhecem o código e é melhor prevenir do que remediar.
— Não se esqueça de mudar o código, Elena. O código é antigo e quem sabe quem tem esse código? — Drako disse, e eu não pude deixar de sorrir. Ele me conhece muito bem, afinal, ele foi uma das pessoas que me treinou.
— Vou mudá-lo hoje à noite — Eu assegurei.
Ele assentiu, estacionando em frente à casa. Dalton, meu motorista e um dos trabalhadores, estavam na frente dos outros trabalhadores. Vovô e vovó sempre mantiveram duas empregadas, Lisa e Bonnie, o cozinheiro Chris, Dalton, que é o motorista, e Jeff, o jardineiro e limpador de piscina. Eles estão aqui desde antes de eu nascer e meus avós confiam neles e eu também. Sem mencionar que Drako fez uma verificação completa de antecedentes sobre eles. Saí do jipe.
— Olá, senhorita Elena. Bem-vinda ao lar — Dalton sorri.
— Obrigada, Dalton. Está frio aqui fora. Não há necessidade de todos vocês ficarem aqui no frio. Entrem — Eu disse a eles. Todos sorriem, e Jeff e Chris pegam minhas malas.
— Levaremos essas para o seu quarto — Diz Dalton.
— Obrigada — Eu sorri antes de eles irem embora.
— Você tem o meu número se precisar de algo — Drako diz.
— Você também, irmão mais velho. Qualquer coisa, não importa quão grande ou pequena — Eu disse, ele assentiu e me entregou a bolsa de viagem que estava carregando antes.
— Aqui estão suas armas e munição — Drako diz. Eu olhei para a bolsa de viagem e depois para Drako.
— O quê? Mas...
— Sim, eu sei. Todas as armas ficam na armaria, mas essas armas foram feitas e personalizadas especialmente para você. Elas são suas e somente suas — Diz Drako.
Eu não sabia disso, mas agora entendo por que recebi as mesmas armas durante dez anos.
— Isso é incrível. Eu ia comprar algumas, mas estou feliz por não ter que passar por essa confusão. Venha para dentro, vou fazer um cheque para vocês — Eu disse.
— Não precisa nos pagar por isso. É um presente do papai e meu — Disse Drako.
— Deve ter custado bastante ter essas armas feitas e personalizadas só para mim — Eu disse.
— É um presente, Elena — Drako repetiu, e me abraçou novamente — Cuide-se, irmãzinha — Ele disse antes de pular de volta para seu jipe.
— Drako — Eu chamei, fazendo-o olhar para mim — Se você, papai ou Maddie precisarem de algo para vocês mesmos ou para nossa casa, me avise. Vou ajudar de coração — Eu assegurei.
— Obrigado, Elena — Ele sorri e vai embora.
Suspiro enquanto vejo as luzes traseiras do carro diminuírem cada vez mais antes que ele desapareça. Me viro e entro na casa. Assim que entro, duas bolas de pelo pulam em cima de mim, me derrubando no chão. Não consigo evitar rir, eu tenho dois cães. Meus cães são puros, pastor alemão. Lobo foi presenteado a mim pelos meus avós no meu aniversário de dezoito anos, mas a Rain... eu a resgatei de um cara que estava batendo nela. Drago deixou que eu ficasse com eles e me ajudou a treiná-los. Coitada da Rain, demorou muito para confiar em mim, mas eventualmente ela superou isso e aqueles dois significam o mundo para mim. Eu morreria por eles. Para algumas pessoas, pode ser estranho um lobisomem ter dois cachorros, mas eu confio neles com minha vida, assim como eles confiam em mim.
— Senhorita Elena, você gostaria de comer ou beber algo? — Lisa perguntou.
— Não, obrigada Lisa. O Lobo e a Rain já comeram? — Eu perguntei.
— Sim, senhora, e eles já saíram também — Lisa me assegurou.
— Obrigada Lisa. Ah, poderia chamar o Dalton para vir ao meu quarto, por favor — Eu disse.
— Sim, senhorita Elena — Ela sorriu e eu sorri de volta, então fui para o meu quarto com meus cães atrás de mim. Lobo e Rain se deitaram perto da cama enquanto eu começava a desfazer as malas e guardar as roupas. Bateram na minha porta.
— Entre — Chamei.
— Você me chamou, senhora? — Dalton pergunta.
— Sim, Dalton. Você sabe como trocar o código do portão e da porta? — Eu perguntei.
— Sim, senhora — Ele diz.
— Por favor, troque o código tanto do portão quanto da porta e, quando terminar, quero o tablet para que eu possa ver quem está no sistema. Quero apenas os funcionários e eu mesma. Ninguém deve ser adicionado a menos que eu dê permissão para isso — Eu disse, e ele assentiu.
— Sim, senhorita Elena. Qual código você gostaria de colocar? — Ele perguntou. Dou a ele o novo código e ele sai.
Assim que terminei de guardar as roupas, coloquei minhas pistolas em lugares escondidos diferentes ao redor da casa. Depois pego minha McMillian TAC 50, minha Barret M95 e minha Barret M82 e coloco uma em lugares diferentes da casa, memorizando onde tudo está. Esses são meus rifles de precisão, eu os escondi tão bem que nem mesmo as pessoas que trabalham aqui sabem onde estão e, mesmo que encontrem, eles sabem que é melhor não tocar no que não é deles.